segunda-feira, 1 de setembro de 2014


Superar ou se abater: o que é mais forte na iniciação esportiva de alguém com deficiência

O paradesporto já se tornou uma realidade no país. Os ótimos resultados recentes em varias modalidades e também no jiu-jitsu, seguidos de grandes lições de superação de nossos atletas, têm chamado a atenção de novos pessoas com deficiência. No entanto, ainda há uma barreira a ser quebrada no esporte: a da insegurança e do ego ou mesmo o assistencialismo.

A verdade é que algumas pessoas ainda não conseguiram assimilar a mensagem dos ídolos do esporte e do paradesporto, de amenizar e ignorar as dificuldades da deficiência e tornar a eficiência, menos notada através das técnicas e treinos de competição. . Assim, entrar em um esporte, às vezes, pode parecer um desafio maior do que é, de fato.

“Por falta de conhecimento, muitos familiares acabam blindando a pessoa com deficiência, por achar que eles são incapazes de algo, quando não é verdade. Aí, alguns trazem esse pensamento quando são apresentados ao esporte”,

O perfil é totalmente oposto ao implantado no paradesporto. É verdade que alguma diferença física pode mexer com a cabeça do atleta, mas no esporte se aprende a ignorar quaisquer dificuldades. Sendo campeão ou não, a tendência é que o esportiva assimile a real condição de igualdade, como diz o técnico da Equipe Higa Jiu-Jitsu Clube, Adilson Higa:

“Estamos em um momento de mudança, mas de paradigmas também. Aqui eles são atletas que têm como uma das características a deficiência. Não são deficientes, naquela concepção de ‘coitadinho’. Isso, no jiu-jitsu, não dá. Aqui não se tem ajuda, nem patrocínio. Temos atletas, por exemplo, não são conhecidos por não terem as pernas e as mãos, são conhecidos por serem muito rápidos e técnicos. Essa é a diferença”.

Mas a mudança de concepção já vem acontecendo. Prova disso é o aumento constante do número de paratletas no Brasil. Só para se ter uma ideia, ja existem muitos paratletas competindo Brasil afora. Se forem considerados os inscritos nos torneios e campeonatos menores, esse número seria muito maior.

Apontamos o jiu-jitsu como sendo uma das modalidade mais difíceis de se praticar, mas entendo que quando o atleta se adapta, os benefícios comportamentais crescem na mesma proporção.

“Muitos têm medo de bater um no outro, ou têm medo de cair sozinho em  um tatame,se machucar ou ate mesmo não desenvolver, ou acham muito difícil. No para jiu-jitsu, o lutador é totalmente independente, precisa ouvir o barulho, sentir seu corpo e do adversário, mas quem vê fica maravilhado e acha fantástico aquilo. Mas quem entra, fica maravilhado com a condição de superação, por poder lutar descobrindo novas possibilidades e a possibilidade de se ganhar novos horizontes, amigos e objetivos" .

O esporte segue fazendo bem sua parte no que diz respeito à inclusão social, mas se algumas das pessoas com deficiência permitirem, o resultado ainda pode ser muito maior. Sem egos inflados ou assistencialismo que não leva a lugar algum, e cria a falsa sensação de superação. Esporte de inclusão se faz com respeito e bom senso.